Medo da vida

saúde e doença

Medo da vida

O processo natural da vida é tornar a cada um de nós indivíduos íntegros e autônomos para atravessarmos nossas dificuldades com respeito e sabedoria. Sabemos que o coletivo nos traz oportunidades sempre que necessário quando estamos sofrendo algum obstáculo. Nosso inconsciente é autorregulador, como nosso corpo em uma enfermidade. A princípio, ele mesmo tenta se curar. Mesmo que a doença não tenha cura, nossa psique vai encontrar uma forma de equilíbrio, essa doença será parte da própria cura, melhorando nossa postura e conduta.

Quero dizer que quando nos colocamos disponíveis, a vida se encarrega de nos ajudar a encontrar de forma equilibrada aquilo que precisamos como amigos, familiares, situações, relacionamento e possibilidades.

Então o que nos faz ter medo da vida?

Muitas vezes temos medo da vida por um trauma gerado em nossa biografia ou por um trauma sistêmico. Os traumas biográficos são traumas por condutas ou atitudes que nos marcaram e que muitas vezes ficamos vivenciando de forma inconsciente em nossa vida. Freud já dizia que ficamos paralisados onde ocorreu o trauma. Os traumas sistêmicos são aqueles que aconteceram em nossa família e estão além da nossa memória. Porém, são passados transgeracionalmente ainda vivos na alma de nossa família, nos paralisando e não nos permitindo viver.

Vou citar um trabalho que realizei há alguns anos que pode nos ajudar.

Em um certo workshop de constelação familiar atendi uma jovem que sofria muito medo da vida. Seu relacionamento estava ruim e planejava uma viagem, mas seu medo era grande e logo causava uma ansiedade paralisante. Já tinha passado por vários trabalhos terapêuticos e também pelo apoio psiquiátrico. Coloquei, como de costume, uma pessoa para representá-la e uma outra para representar seu medo. E logo a pessoa que representava o medo começou a fazer movimentos estranhos, com os pés e a cabeça, isolando-se da sala como se estivesse presa em algum lugar.
Então fiz a pergunta: Existe alguma pessoa na família que esteve presa ? Demorou alguns minutos para ela lembrar, mas logo se conectou com uma história que havia acontecido com o irmão de sua avó materna. Esse irmão sofria de uma doença mental e foi esquecido em um sanatório da época. O deixaram sem mesmo saber de sua morte.

Mapeando sua família, perguntei se outra pessoa da família também sofria de alguma patologia. A jovem respondeu que a avó sofreu uma depressão forte e sua mãe sofreu de pânico. Então coloquei todos juntos olhando para esse tio avô que havia sido excluído da família. Todos fizeram reverência e assim fizemos os movimentos sistêmicos adequados. Neste caso – e como em muitos outros -, o trauma familiar continua vivo até outra pessoa trazer equilíbrio. Enquanto isso não acontece, os membros desse clã ficam paralisados e, assim, concretizam uma maldição familiar. O medo da vida, muitas vezes, é um sentimento deslocado do trauma sistêmico, colocando seus membros no que chamamos de fidelidade sistêmica. Embora diferentes, os dois traumas podem ser trabalhados com constelação familiar.

Olhar além e trazer a solução correta traz um alívio pessoal e familiar. Podemos perceber essa repetição inconsciente em famílias onde as mulheres são fortes, nas famílias onde as mulheres por diversas gerações não conseguiram casar, onde ocorreram doenças repetidamente, famílias em que se mantém vivas datas históricas ou mesmo onde ocorrem vícios.

Aprender sobre a consciência familiar, o amor certo e a presença, é uma das maneiras para trazer solução nesses casos. E quando modificamos esse padrão, todos da família conseguem sentir os benefícios.

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